Seu primeiro tópico

Baby, listen please. I'm not on drugs, I'm not on drugs. I'm just in love. Baby, don't you see?

Após uma longa corrida e uma maratona de flexões executadas naquele começo de dia, Jason ocupara-se em fazer barra e tonificar cada um dos músculos que poderia. O propósito? Ministrar corretamente os pensamentos, dando a si mesmo uma pitada de dor física para manter total concentração, e não desviar para uma certa moça de olhos azuis e lábios grossos que poderiam muito bem lhe pertencer. A respiração alterada combinava perfeitamente com o movimento de subida e descida do peitoral largo, o corpo suado pulsava em todos os lugares e isso lhe trazia paz. Mas, não era suficiente. Então, encontrava-se em no andar subterrâneo de seu apartamento, construído especialmente para seu gosto. O primeiro ambiente era um salão grande, sem nenhum móvel. O chão brilhava, como se tivesse acabado de ser polido, mas era apenas um contraste natural para seu formato. Do teto pendia um saco de pancadas de 100kg, para um treino puxado. O dinamarquês vestia apenas um short apropriado para se usar, com material flexível, e bandagens nas mãos. Já tinha desferido alguns chutes e socos, enquanto o iPod cuidava da parte sonora por todo o lugar, plugado no sistema de som integrado no canto da parede, com um pequeno controle no chão, um pouco afastado do rapaz para que não acabasse pisando ou o destruindo de alguma forma. If Won't Stop tocava, e cada batida sonora penetrava tanto a audição como as veias saltadas do loiro, dando-lhe gás para seus golpes. Porém, esta canção estava começando a atormentar seus pensamentos. As imagens do que havia acontecido dentro da Toyota enchiam-lhe os olhos, encontrando-se paralisado, de olhos fechados, e fora como se Anna estivesse ali. Sua delicada mão descendo pelo peito, arranhando, apenas tocando, enquanto os olhos azuis inocentes e perigosos encaravam o movimento da própria mão.

Um soco forte fora capaz de abrir um rasgo violento no saco de pancadas, fazendo uma cascata de areia começar a descer. Decidido a não pensar, Jason encontrava-se em um dilema. Ele não fazia esforços, ele só... Não conseguia parar. Não queria. A mulher vinha em sua mente sem o menor convite, a tentativa de estar com a mente limpa mostrava-se algo que ele não poderia mais dominar, não quando deveria estar treinando, ao menos. — O que você fez, Anna? — com os olhos presos ao movimento hipnótico do véu de areia caindo, viu-se ali. Ela o havia rasgado, deixando que tudo caísse como meros grãos de areia.


Atacou o cinto da roupa, olhando-se no espelho do próprio quarto da fraternidade egípcia. O estilo medieval lhe caia muito bem, visto o fato de que tinha mudado um pouco o visual. Desde o dia em que soubera do tal baile, deixou o cabelo crescer, cortando os lados, deixando a parte de cima com certo volume, com os fios loiros presos em uma liga para cabelo. A barba também havia crescido, mas por questões de higiene, havia deixado aparada e ainda baixa, optando por não tirá-la, já que para a época, só era considerado um verdadeiro homem aquele que tivesse uma camada de pelo na face. Como um nórdico, cuidou de fazer uma última ligação para certificar-se de que tudo estava agindo como o combinado. Iria buscar sua princesa, e iria ao melhor estilo. Em questões de minutos, tudo estava pronto. Pegou o celular, algumas notas para o caso de precisar de algo com urgência e desceu.

— Siga para a fraternidade grega, é só seguir direto e virar a esquerda no próximo trajeto. — explicou, sentando-se no meio de transporte que o levaria até o seu inferno e paraíso ao mesmo tempo. Jason havia molhado a mão do senhor que conduziria aquilo para vestir-se como um servo, adotando o personagem nórdico e medieval com toda força. Em silêncio, fizeram o resto do percurso, enquanto a mente inquieta do loiro tentava adivinhar qual seria a reação da inglesa, se gostaria ou se acharia exagerado. Não muito preocupado com isso, Jason apenas queria chegar de uma vez e poder olhar para a figura semelhante a Afrodite, vendo-a como sua hospedeira na Terra. — Pare aqui. Vou seguir até a área externa ali do outro lado, e é para onde você vai levar a dama, de acordo? Ela tem olhos azuis, é loira e parece um anjo. Você vai reconhecer. — instruiu, depois de alguns minutos, até que haviam chego na frente da fraternidade grega. Desceu sem precisar de ajuda, e se encaminhou até o outro lado, a dez minutos de distância. A curta caminhada lhe daria tempo para pensar um pouco. Ao chegar, sacou o celular, digitando uma breve mensagem, enviando para Anna.


Restava apenas aguardá-la e esperar por suas feições ao ver que realmente existia uma carruagem a sua espera, do lado de fora.

Após deitar naquela espreguiçadeira, foi como se tivesse aberto a porta de um mundo paralelo ao daquela festa. Toda a animação havia ido embora, dando lugar a um sentimento tão vazio, que por uma fração de segundos, estimei se realmente existia um coração batendo no peito. Era como se o som tivesse sido desligado, as luzes apagadas, e todas aquelas pessoas tivessem sumido do meu campo de visão, dando lugar a uma sala escura. Não era a primeira vez que isso acontecia, sabia bem a sensação de estar começando a me perder dentro de mim mesma, e poderia garantir que não teria coisa pior. Era como se todos os meus pensamentos estivessem correndo tão descontroladamente, que era impossível de dar voz a eles. Era tanta coisa acontecendo ao mesmo tempo - em minha cabeça - que simplesmente tudo se tornava nada. — Aqui não, por favor. — sussurrei baixinho, quase em um apelo mental de que não queria que aquilo acontecesse de novo.

Pude retomar uma parte da consciência quando senti uma bunda extremamente grande esmagando meu quadril. Não de uma forma ruim, mas, quem poderia ser? O corpo molhado de Heather entrou em contato com o meu, me deixando ainda que um pouco mais dispersa, porém, atenta. Não me importei com o fato dela ter sentado no meu colo, nem muito menos, com ela pegando minha regata e pondo sobre os ombros. Lembro vagamente de sua voz dizer algo sobre resfriados. Resolvi não comentar que era algo impossível, já que fazia um calor praticamente infernal. Tinha plena certeza de que se não lhe tivesse puxado para baixo do chuveirão, Heather já estaria começando a passar mal. Quando me dei conta, ela já não estava mais em meu colo, o que me fez arquear a sobrancelha. Leva-la para casa? Aquela garota, definitivamente, estava sendo um comando para resoluções do problema que eu era. — Quer saber? Essa festa já deu, mesmo. — disse mais para mim mesma, já que Heather ia um pouco mais a frente. Sem dificuldade acompanhei o passo dela, depois de vestir o short e pegar a chave do carro.